sábado, 8 de maio de 2010

Fragmentos de mim

E de repente sou amor,
Tão de repente sou ódio...
E de repente sou furor,
Tão de repente sou rocio

E de repente sou vazio...
Tão de repente sou cheio...
E de repente sou navio
Tão de repente sou alheio...

De repente sou fascínio
Tão logo sou desilusão...
De repente sou declínio,
Tão logo sou fascinação...

De repente sou sozinho,
Tão logo sou companheiro...
De repente sou caminho,
De repente derradeiro...

De repente sou ruína,
Tão logo sou paraíso...
De repente adrenalina,
De repente sou sorriso...

E de repente sou pranto,
E tão de repente sou céu...
De repente sou espanto,
De repente sou mausoléu...

E de repente sou drama
De repente sou comédia
De repente sou a grama
De repente sou tragédia...

De repente sou o todo,
Tão logo me sinto o nada,
E de repente sou lodo,
De repente sou toada...

E de repente sou sonho,
Tão logo sou pesadelo...
Sou como o prado risonho...
Num segundo sou castelo...

E tão de repente te amo!
Tão de repente te esqueço!
E de repente te chamo,
De repente me conheço

Ah! Sou tantos dentro de mim,
Que já não sei mais quem eu sou!
Ora sou um brando jardim,
Outrora sou flor que secou!...

De repente sou calmaria,
De repente sou contente...
De repente sou gritaria
Sou não mais que de repente...


*
Joselito de S. Bertoglio

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